CFC São Cristovão
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"Chauffeur"

Ninguém começa por cima! O inicio é sempre difícil. Aos 17 anos, em Rio Pardo, Levino de Moura Borges trabalhava na Sul Ford, distribuidora do afamado Ford Bigode para a Zona Sul do Estado. Dizem que na época somente pessoas muito bem aquinhoadas adquiriam automóveis. Um dia, Borges foi mandado conduzir até uma fazenda um carro Ford com a missão de ensinar o proprietário a dirigir.

Depois de algumas aulas, o fazendeiro, sem avisá-lo, deu manivela no carro e saiu sozinho, ziguezagueando campo a fora, até cair num riacho. Foi um Deus nos acuda! Resultado: o fazendeiro mandou de volta o veículo. "Mas, como se observa, não desisti, pois até hoje ainda leciono aulas teóricas, naturalmente", comenta Levino.

Conta-nos, ainda, que quando foi prestar exame para "chauffeur" (assim se dizia, pois a palavra não tinha sido aportuguesada), a coisa era para valer. "Era duro pra chuchu, inclusive para os candidatos à carteira de ciclista, carroceiro ou motorneiro. Todos eram examinados na Inspetoria de Veículos e obrigados a conhecer a topografia da cidade, hotéis, hospitais, repartições públicas em geral. Além disso, todo o mecanismo de um veículo automotor, os seus defeitos e os meios para repará-los", seguiu Borges.

A prova prática de direção consistia em uma volta por trajeto de mais de três quilômetros na Zona Central de Porto Alegre. Exigia-se a perícia, o domínio completo do veículo, a prudência, o respeito aos pedestres e obediência total à sinalização. O percurso era o seguinte: Intendência Municipal, Rua das Flores (hoje Siqueira Campos), Sete de Setembro, Cassiano do Nascimento, Rua da Praia, subindo-se a Ladeira (General Câmara).

Dois engenheiros compunham a banca examinadora: Mário Reis e o norte-americano Wadrapp Holtz. Na Ladeira, na altura da Biblioteca Pública, a ordem era parar o veículo. Se o aluno freasse no meio da rua, ou ao arrancar, ou deixasse o automóvel recuar, a reprovação era certa! Novo exame, só após 30 dias. "Não havia moleza. Nem objeto misterioso para quebrar o galho", disse Borges.